Primeira Cruzada: Conquista de Antioquia

Depois do ataque que sofreram em Dorileia, os cruzados estavam com medo de outra emboscada e resolveram ir por um caminho mais seguro, eles então cruzaram as montanhas Anti-Taurus em uma travessia de três semanas. Mas em pleno verão, o calor era insuportável, e os soldados tinham poucos suprimentos, o que fez homens e mulheres morrer em grande número. Godelda, esposa de Balduíno, também morreu no caminho, e, então, o conde resolveu tomar algum território para si, a fim de compensar a perda. Ele, então, se separou do exército principal e partiu em direção ao riquíssimo Condado de Edessa que ficava perto do rio Eufrates.

Edessa ainda não tinha sido tomada pelos muçulmanos, mas sofria com ataques constantes. Quando a população descobriu que se aproximava um líder cruzado pediram que o governador Thoros fizesse uma aliança com Balduíno. O governador, como não tinha filhos, fez um acordo com o conde – se Balduíno defendesse Edessa, em troca, Thoros o adotaria como filho, ou seja, o tornaria seu herdeiro. Porém, com a ajuda de conselheiros traidores, Balduíno matou o governador e tomou o poder.

A 240 quilômetros de Edessa, o exército cruzado chegava a Antioquia. A cidade, que até 1085 era cristã, agora se encontrava em poder dos turcos seljúcidas. Os cruzados tinham grande desejo de retomá-la ao domínio cristão, afinal, ela tinha grande importância espiritual, era o local onde São Pedro fundou a Igreja. Porém, Antioquia era cercada por duas muralhas gigantescas em que se distribuíam 450 torres, não seria nada fácil conquista-la.

Yaghi-Siyan, governante de Antioquia, era um grande estrategista. Sem saber como os cristãos locais reagiriam às cruzadas, ele então pediu que os muçulmanos cavassem valas fora da cidade. No dia posterior pediu aos cristãos que fizessem o mesmo e, ao final do dia, quando esses voltaram à cidade o governante barrou-os.

Então, quando os cruzados finalmente chegaram, mal conseguiam cercar as grandessíssimas muralhas de Antioquia. Yaghi-Siyan também dificultava a ação dos cristãos, ele cortava suprimento de alimento e água deles, jogava óleo quente e enviava guardas à noite para atacar os acampamentos. Após oito meses de cerco, o exército cruzado não conseguia avançar e já estavam desesperados, além da escassez de alimentos, eles precisavam alimentar os cristãos banidos e, com poucos recursos, se viram obrigados a beberem o sangue dos cavalos. Além disso, uma peste se alastrou pelo acampamento aumentando ainda mais o número de mortos.

Mesmo depois dos oito meses de resistência, Yaghi-Siyan precisava de reforços e o solicitou através de um pombo. Os turcos seljúcidas foram os inventores do correio, eles amarravam a mensagem na pata do pombo e soltavam-no. Em poucas horas a mensagem chegava a qualquer ponto dos territórios muçulmanos.

Dois meses depois, os cruzados ficaram sabendo sobre um exército turco que se aproximava. Sem tempo a perder, os cristãos precisavam entrar em Antioquia o mais rápido possível. Então, Boemundo encontrou uma brecha na defesa da cidade, um traidor turco que comandava três torres sobre o leito do rio. Esse turco era o armeiro Firouz e foi subordinado com uma fortuna em dinheiro e terras.

Em junho de 1098, no dia da invasão, Firouz subiu a muralha e acenou com uma lamparina. Os cruzados colocaram algumas escadas sobre os muros e em questão de minutos a cidade já estava tomada. O único habitante de Antioquia que conseguiu fugir foi Yaghi-Siyan, mas que foi morto por um pastor no meio da fuga.

No outro dia, chegaram os reforços chamados pelo falecido governante Yaghi-Siyan que agora cercavam os cruzados. Estes últimos rezavam em busca de um milagre até que o padre Pedro Bartolomeu disse ter uma visão vinda de Deus – Santo André aparecendo e dizendo para ele ir até a Igreja de São Pedro em Antioquia e encontrar a Lança Sagrada que atravessou Jesus Cristo na Cruz. O padre reuniu um grupo de 12 ajudantes para escavar a Igreja onde afirmava estar enterrada a relíquia sagrada. Depois de um dia Pedro Bartolomeu saiu da igreja com uma haste enferrujada em mãos.

Os soldados estavam confiantes e partiram em direção dos turcos que sitiavam a cidade. Sem chances, os mesmos tiveram que se retirar. Antioquia estava, agora, definitivamente em posse dos cristãos e Boemundo se autoproclamou governante.




Fontes:
Documentário “As Cruzadas: A Meia Lua e a Cruz; A Primeira Cruzada”

https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Cruzada

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